Que voltemos ao nosso solo sagrado

Era uma vez um indivíduo, Sr. Blanco, que arrancou uma planta do jardim do seu vizinho, o Sr. Pleto, simplesmente porque achava que esta seria uma boa forma de ganhar dinheiro. Ele também tinha plantas, mas não quis usá-las porque não queria destruir o seu próprio jardim.

A origem da arte de plantar é do Sr. Pleto, tendo o Sr. Blanco aprendido muito com ele. Sugou todas as informações para que pudesse imitar seu vizinho e depois dizer que quem criou o jardim foi ele, sem ajuda de ninguém.

Levando a planta embora do seu habitat natural e a deixando sem nenhum cuidado, já que ele acreditava que a planta do outro não merecia o mesmo tratamento das plantas do seu próprio jardim, elas ficaram na pior região do terreno.

O Sr. Blanco vendia as plantas do vizinho para poder comprar cada vez mais coisas para si e ficar bem rico. E, assim, ele foi roubando e sequestrando cada vez mais plantas do vizinho. Os cuidados eram nulos e as plantas que eram lindas foram, com o passar das gerações, ficando desacreditadas de sua beleza. Foram muitas gerações de plantas que passaram por essa terrível situação. O Sr. Blanco que não era bobo, começou a semear as sementes dessas plantas para que não fosse mais preciso roubar do vizinho. E assim, ficou tão rico que conseguiu construir um lindo jardim com milhares de plantas.

O Sr. Pleto foi ficando cada vez mais pobre, mesmo tendo o solo mais fértil do que o do indivíduo ladrão. As pessoas, quando comparavam os jardins, sempre elogiavam o do Sr. Blanco. Mesmo sabendo dos roubos, havia algumas que diziam que se o Sr. Pleto se esforçasse mais, o seu jardim poderia ser melhor. E que era preciso olhar o presente e seguir em frente.

As plantas roubadas não sabiam mais o que fazer, afinal, ninguém quer ficar em um lugar onde é maltratado e visto como inferior. Elas sabiam que tinham que voltar para seu solo de origem, mas como?

O jeito foi se aprofundar cada vez mais, sim, ir em direção ao solo, ao cerne e assim criar caminhos para passar para o outro jardim. Foi tudo muito sorrateiro, já que o indivíduo não tinha acesso ao subsolo. Era incapaz de enxergar profundamente, o que deu vantagem às plantas.

Então, em uma noite, quando todas as outras plantas estavam dormindo, as plantas originadas do vizinho conversaram entre elas, na sua língua, e pediram para que a natureza as ajudasse na execução do plano. Foram vários e vários dias para que o dia da libertação chegasse.

Tudo o que elas tinham que fazer era se unir, criar pontes entre elas para abrir caminho para que pudessem atravessar o solo e chegar onde queriam.

E não é que elas conseguiram! Quando o Sr. Blanco percebeu, aquelas plantas já não estavam mais lá, todas tinham voltado para o seu solo original. E o seu vizinho, o Sr. Pleto, voltou a ter o mais belo jardim.

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